Título: Uso de madeira no ambiente construído interno e estresse: uma revisão.
Sugestão de referência: Burnard, M. D., & Kutnar, A. (2015). Wood and human stress in the built indoor environment: a review. Wood science and technology, 49(5), 969-986.
Disponível: https://link.springer.com/article/10.1007/s00226-015-0747-3
RESENHA
Os indivíduos passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, portanto, criar e projetar ambientes internos saudáveis deve ser prioridade. Além disso, a busca por evidências sobre o que é ou não um ambiente saudável deve ser rigorosa para garantir que o ambiente construído seja positivo aos seus ocupantes.
Tendo isso em mente, os autores do presente estudo realizaram uma revisão da literatura para examinar o corpo de pesquisas que estudaram o uso da madeira nos ambientes e o impacto da presença desse material sobre o nível de estresse humano. Dessa forma, objetivou-se investigar o ajuste potencial da presença da madeira em um ambiente, tendo em vista o compromisso com os projetos baseados em evidência e o bem estar dos ocupantes. Assim, o foco da revisão realizada foram estudos já publicados que avaliaram as respostas psicofisiológicas humanas à madeira.
Até o momento, estudos examinando os efeitos psicofisiológicos do uso da madeira em interiores revelaram respostas de estresse reduzidas dos sujeitos (mensurados na forma de parâmetros psicofisiológicos ou através de autorrelato) quando em contato com ambientes com presença de madeira. Já em ambientes sem nenhuma quantidade de madeira ou com pouca, essa redução no estresse não foi verificada. Portanto, o uso da madeira pode trazer benefícios no que tange aos níveis de estresse dos ocupantes dos ambientes.
Todavia, os autores apontam que para investigar o uso de madeira em futuras pesquisas, os mesmos devem enfatizar o estudo de diferentes atributos da madeira, incluindo cor, padrão e tipo, como, madeira maciça ou comparada com outros materiais que contenham madeira com outros compostos (e.g. aglomerado, mdf, mdp). No que tange a variável estresse, a orientação que os autores sugerem para futuros estudos é que seja examinado a resposta do eixo HPA (hipotálamo-hipofisário adrenal) ao estresse em ambientes internos usando cortisol salivar como um indicador da resposta juntamente com outros indicadores (e autorrelato, por exemplo), quando viável. Além dessas orientações, várias outras sugestões são apontadas no documento, para que futuros estudos preencham as lacunas existentes nesse campo do conhecimento.
Nota da curadora: outros estudos já resenhados em nossa biblioteca já avaliaram o efeito da quantidade de madeira sobre variáveis de bem estar, por exemplo. Alguns desses apontam que uma grande quantidade de madeira pode ser percebida como não agradável. Convém, portanto, verificar outros artigos além dos que foram revisados no presente estudo, uma vez que a questão ainda está em aberto na literatura científica. De toda forma, esse tipo de revisão ainda assim pode funcionar para um bom argumento de projeto uma vez que trás extensas informações sobre o potencial restaurador de ambientes com determinada quantidade de madeira.
Palavras-chave: madeira, estresse, ambiente fechado, arquitetura.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em setembro de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
- Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998 pertencem exclusivamente à NEUROARQ® Academy. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste texto, através de quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela internet e outros), sem prévia autorização por escrito.