Título: Using Eye-Tracking to Understand Human Responses to Traditional Neighborhood Designs.
Sugestão de referência: Hollander, J. B., Sussman, A., Purdy Levering, A., & Foster-Karim, C. (2020). Using eye-tracking to understand human responses to traditional neighborhood designs. Planning Practice & Research, 35(5), 485-509.
RESENHA
Nesse estudo os pesquisadores lançaram mão de uma tecnologia chamada Eye-tracking, ou rastreamento ocular para entender melhor as experiências das pessoas frente a espaços abertos, mais precisamente sua experiência na apreciação dos prédios e das praças da cidade de Nova York. A tecnologia de rastreamento ocular é frequentemente utilizada em áreas como marketing, web e no design, mas pode também ser útil no entendimento de como as pessoas enxergam o mundo urbano, evidenciando o que elas focam em sequencia, o que mantem a sua atenção e o que é ignorado.
Diante disso, o objetivo desse estudo foi identificar qual parte de uma imagem – em um grupo selecionado de imagens- as pessoas focam sua atenção e qual parte causa nelas sensação de menor ou maior prazer. Para tanto sessenta e três estudantes participaram do estudo observando (com os óculos de rastreamento ocular) diferentes cenas da cidade de Nova York que foram mostradas em um monitor.
Abaixo alguns pontos interessantes que os autores desse estudo ressaltaram sobre a forma como os sujeitos da pesquisa apreciaram as imagens:
(1) As pessoas ignoram fachadas de prédios em branco: foi observada a preferência por rastrear as janelas e focar em tentar ler informações que havia na fachada de alguns prédios. As pessoas não ficaram muito tempo observando muros, por exemplo.
2) As pessoas sempre buscam por orientação, particularmente quando estão em áreas abertas: em uma imagem de uma praça, que foi apresentada aos participantes alguns deles referiram não saber “o que deveriam estar olhando”, essa opinião parece ter sido compartilhada. Essa praça em questão não tinha realmente um ponto central de orientação, o que pode aumentar o sentimento de ansiedade nas pessoas.
(3) Pessoas sempre procuram por outras pessoas: O cérebro humano é programado para procurar e se concentrar em outras pessoas, mesmo apenas sugestões deles em perfil ou sombra.
(4) As pessoas são levadas a procurar rostos, principalmente olhos, mesmo em objetos inanimados: Esse aspecto também segue do ponto anterior de que os humanos são inconscientemente programado para fazer um rastreio no ambiente a procura de outras pessoas (e, por extensão, outros animais), dado que evoluímos na natureza nosso genoma permanece o de caçador/coletor. Assim, somos todos descendentes de ancestrais que foram os melhores e mais rápidos em perceber outros animais, incluindo humanos, (predadores em potencial) em seu meio. Somos hábeis em detectar a forma como o olho humano se move por diferentes espaços.
Por fim os autores concluem que estudos como esse nos mostram como os olhos respondem a estímulos visuais em tempo real, dessa forma fornecendo um insight como o imageamento acontece e porque ele é significativo. Os ambientes construídos, as edificações impactam nossos corpos e cérebros e quanto mais hábeis somos em compreender essas interações complexas – entre pessoas e ambientes construídos ou entre as pessoas e a natureza – melhor seremos em pensar projetos de espaços que melhorem nossa saúde mental e bem estar.
Palavras-chave: ambiente construído, percepção, eye tracking, neurociência, arquitetura.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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