Título: Neurociência Positiva (Positive Neuroscience)
Sugestão de referência: Allen, S. (2019). Positive neuroscience. John Templeton Foundation by the Greater Good Science Center at UC Berkeley, 1-62.
Disponível em: https://www.templeton.org/discoveries/positive-neuroscience
RESENHA
Este artigo, idealizado e produzido pela Fundação John Templeton, tem o objetivo de falar sobre um tópico bastante recente, a Neurociência Positiva, o documento apresenta esse assunto em seções em mais de 60 páginas. Assim, o objetivo desta resenha é apresentar, de forma breve, os principais tópicos de interesse da Neurociência positiva.
Um campo emergente de estudo – neurociência positiva – visa responder questões como: de onde vem a nossa capacidade de mostrar cuidado e afeição aos nossos entes queridos, agir com compaixão para com os outros que estão sofrendo, ser movido por uma música emocional e ser resiliente diante de situações estressantes? Como nossos cérebros ajudam a promover nossa capacidade de florescer diante da adversidade, mostrar bondade para aqueles em desesperar e aproveitar a vida ao máximo?
A neurociência positiva se concentra nos mecanismos do sistema nervoso subjacentes ao desenvolvimento do bem-estar humano. Este campo emergente de estudo foi significativamente reforçado pela Fundação John Templeton no Projeto de Neurociência Positiva, uma iniciativa liderada por Martin E.P. Seligman (psicólogo considerado “pai” da psicologia positiva e autor de vários estudos e conceitos aplicados a essa área do conhecimento). O projeto incluiu a competição Templeton Positive Neuroscience Awards, que concedeu financiamento a 15 grupos realizando pesquisas na interseção da neurociência e da psicologia positiva.
Este artigo se concentra na pesquisa que emana desses prêmios, apresentando, por exemplo, tópicos como a neurociência do apego e dos relacionamentos sociais – o cérebro social -, compaixão e generosidade – o cérebro compassivo -, talento musical e apreciação musical – o cérebro musical – e, por fim, a questão da regulação emocional e da resiliência – o cérebro resiliente. Esses tópicos de estudo trazem grande contribuição ao entendimento de conceitos como altruísmo e as conexões que nos unem. Nesse sentido a psicologia e neurociência, partindo de uma perspectiva evolucionista, também ajudam nessa compreensão lançando perguntas como: “Por que foi interessante para nós, enquanto humanos nos conectarmos e nos organizarmos?”.
Os seres humanos são animais sociais, e com razão: Os relacionamentos são a chave para a nossa felicidade e saúde — e para nossa sobrevivência. Seria nossa natureza social enraizada em nossa neurobiologia? Se sim, quais mecanismos biológicos estão por trás de nossa habilidade para formar ligações com outras pessoas? Nesse sentido, pesquisadores tem tentado descrever que tipo de substâncias químicas (hormônios como ocitocina e outros neurotransmissores), além de áreas cerebrais específicas que participam das fundações das relações humanas. Nesse sentido, um dos exemplos interessantes de comportamento a ser analisado pelo ponto de vista da neurociência positiva é o cuidado parental. De fato, pesquisas sugerem que o cérebro humano está morfologicamente preparado e foi moldado para essa atividade. Por exemplo, estudos de neuroimagem descobriram que existem padrões únicos de atividade que respondem a choros de bebês e fotos de crianças. Estes incluem áreas do cérebro conhecidas por serem envolvidos em empatia e recompensa. Ou seja, o nosso cérebro é arquitetonicamente projetado para atentar e responder às necessidades de um bebê. O choro de uma criança é tão “chamativo” para nós, não por acaso, mas sim por uma necessidade evolutiva de atender ao chamado/necessidades daquele pequeno ser humano.
No que tange as questões de compaixão estudos identificaram uma base neurobiológica para a compaixão e a generosidade. Foram identificadas áreas do cérebro associadas a comportamentos que envolvem gentileza, prestatividade, os chamados “comportamentos pró-sociais”. Outras pesquisas interessantes também apontam, inclusive, a sensação de bem-estar provocada na pessoa que emite o comportamento pró-social, por exemplo, um ato de caridade não é benéfico somente para quem o recebe, mas também para quem o faz, e isso a neurociência positiva já demonstrou.
Por fim, como descrito no início do texto, o campo da neurociência positiva está buscando compreender temas de suma relevância para o entendimento das relações humanas. Nesse sentido, é possível derivar que qualquer conhecimento sobre como nos relacionamos pode ser oportunamente aplicado em nossas práticas profissionais já que mesmo que o profissional da arquitetura pense sobre os ambientes seu cliente é uma pessoa e o conhecimento sobre o funcionamento das pessoas é fundamental.
Palavras-chave: Neurociência, bem-estar, resiliência, compaixão, altruísmo.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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