Título: Neurociência para arquitetura: como o design de edifícios pode influenciar comportamentos e desempenho (Neuroscience for Architecture: How Building Design can Influence Behaviors and Performance)
Sugestão de referência: de Paiva, A. (2018). Neuroscience for architecture: How building design can influence behaviors and performance. Journal of Civil Engineering and Architecture, 12(2), 132-38.
Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Andrea-De-Paiva/publication/325016082_Neuroscience_for_Architecture_How_Building_Design_Can_Influence_Behaviors_and_Performance/links/5b97d438299bf14ad4cdbdb5/Neuroscience-for-Architecture-How-Building-Design-Can-Influence-Behaviors-and-Performance.pdf
RESENHA
O objetivo deste artigo é discutir descobertas recentes em neurociência que podem ser úteis para a arquitetura. Conhecendo os padrões de funcionamento do cérebro e como o espaço afeta as funções cerebrais arquitetos podem se beneficiar desse conhecimento projetando edifícios que melhoram a capacidade do usuário comportamento, desempenho e bem-estar. O ambiente construído tem um impacto direto no cérebro humano. Relações sociais, foco, cognição, a criatividade, a memória e o bem-estar podem ser influenciados pelo espaço físico.
Embora não seja possível criar o ambiente perfeito o espaço pode ser utilizado de forma estratégica, dependendo da tarefa a ser realizada e dependendo do perfil do usuário (idade, gênero, cultura) que fará uso do espaço. As escolas podem ser concebidas de forma a melhorar a cognição, a aprendizagem e a memorização; edifícios hospitalares podem ajudar a melhorar a recuperação; os espaços de trabalho podem melhorar o desempenho, a criatividade e a colaboração.
Acima de tudo, todos os espaços de longa ocupação devem ser concebidos de forma a melhorar o bem-estar. Como a arquitetura pode mudar automaticamente comportamentos e estimular as pessoas a se comportarem de maneira mais saudável? Os arquitetos podem criar edifícios e cidades que melhorem a socialização e felicidade? Os níveis de criminalidade podem cair devido a mudanças na forma como os ambientes são projetados? Estas são algumas das questões que os arquitetos que também estudam neurociência devem pensar em responder.
Na introdução do artigo, os autores trazem um apanhado de como os mais variados campos do conhecimento, além da área da saúde, tem se beneficiado dos conhecimentos produzidos pelos neurocientistas. Por exemplo, a economia “bebe na fonte” dos estudos em tomada de decisão, assim como o marketing, as corporações também podem se beneficiar dos estudos de liderança e persuasão, mas e a arquitetura? Qual é de fato a intersecção entre neurociência e arquitetura?
Para a arquitetura, a neurociência também pode ser muito útil. Os arquitetos sempre souberam o poder de seus edifícios e como eles podem impactar seus usuários. A equação criada pelo psicólogo Kurt Lewin (1890-1947) ilustra o papel do ambiente no comportamento dos indivíduos: B = ƒ(P, E), demonstrando que o comportamento é uma função entre a Pessoa (um único indivíduo com suas próprias memórias e genética) e o Ambiente. Por ambiente ele quer dizer não apenas o meio social, mas o físico. Assim, o comportamento também é influenciado por arquitetura. E essa relação entre ambiente e individual acontece não apenas de forma cognitiva, mas também de uma forma emocional ou mesmo instintiva.
A combinação de neurociência e arquitetura pode ser uma ótima ferramenta para ajudar a decifrar alguns aspectos da relação entre cérebro e espaço, e, por sua vez, os tópicos específicos que podem auxiliar no estudo da neurociência pelos arquitetos, são: o processamento automático (implícito) das informações, ou seja, a parte inconsciente de como processamos as informações do ambiente. Além desse o artigo trás um tópico chamado de Espaço, mensagem e expectativa, que trás consigo exemplificada a frase: “Nós moldamos os nossos edifícios depois eles nos moldam”. Por fim, cabe ressaltar a premissa de que “o design de um lugar físico influencia o estado mental das pessoas naquele espaço, que, por sua vez, molda seus atitudes e comportamento”. Essas frases apontam caminhos os quais podem ser trilhados por profissionais que desejam aproximar cada vez mais a neurociência da arquitetura.
Palavras-chave: neurociência, design, arquitetura, comportamento.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2022, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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