Título: Estímulos visuais e olfativos: formas rápidas de tomada de decisão.
Sugestão de referência: Uchida, N., Kepecs, A., & Mainen, Z. F. (2006). Seeing at a glance, smelling in a whiff: rapid forms of perceptual decision making. Nature Reviews Neuroscience, 7(6), 485-492.
Disponível: https://www.nature.com/articles/nrn1933
RESENHA
Por muitos anos, os psicólogos usaram a psicofísica (área que investiga nossa resposta a diversos tipos de estímulos sensoriais) para construir modelos de processamento da informação através de várias tarefas cognitivas e perceptivas. Esses modelos concentram-se principalmente em duas variáveis-chave: a velocidade e a precisão das decisões. Mais recentemente, a aplicação de psicofármacos e técnicas físicas para animais tornou possível testar esses modelos diretamente, usando técnicas de gravação de neurônios. Essas análises permitem observar com precisão a forma como são tomadas as decisões em alguns animais e derivar esses achados à humanos, quando possível.
Nesse sentido, estudos em macacos realizando uma tarefa de discriminação de movimento visual confirmaram vários pressupostos de um modelo amplamente utilizado conhecido como integrador ou modelo de acumulador. Esses estudos levantam o que parece ser um enigma importante: como processos neurais relativamente rápidos se organizam para produzir processos de integração tão lentos?
Intuitivamente, podemos concluir que o processo de tomada de decisão sempre será mais acurado quanto mais houver tempo para acumular evidências, informações acerca do contexto sobre o qual recai a escolha. Todavia, estudos em psicofísica têm mostrado que processos de percepção do ambiente – que contribuem para a tomada de decisão – podem levar apenas de 200 a 300 milissegundos. Assim, o que os autores pretenderam neste artigo foi reunir e apresentar dados que demonstram a rapidez do processamento de informações de visão e olfato, ou seja, de percepção visual e aromática, olfativa.
Nesse sentido, os experimentos psicofísicos apontam que o sistema neural opera, muitas vezes, através de mecanismos mais simples, elementares. As discriminações sensoriais parecem ser otimizadas para execução rápida, enquanto as de ordem superior, mais sofisticadas e de integração devem operar seletivamente mais do que de forma global. Essas diferenças de processamento apontam uma resposta cíclica dos processos sensoriais tanto no que tange aos movimentos oculares quanto no processo de percepção de odores, como se, de tempos em tempos o cérebro rastreasse rapidamente o ambiente, na forma de ciclos curtos de processamento de informações ambientais discretas, mas que oferecem benefícios ao cérebro no sentido da codificação de informações mais globais.
Concluindo, é preciso ressaltar que o estudo apresenta a forma como o cérebro coleta informações perceptuais, rastreando o ambiente de tempos em tempos e, dessa forma, acumulando informações necessárias para o processo de tomada de decisão complexa.
Palavras-chave: Ambiente inteligente, detecção da emoção, regulação emocional, ambiente saudável.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2022.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em outubro de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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