Título: Espaços Estressantes: Saúde Mental e Arquitetura (Stressed Spaces: Mental Health and Architecture)
Sugestão de referência: Connellan, K., Gaardboe, M., Riggs, D., Due, C., Reinschmidt, A., & Mustillo, L. (2013). Stressed spaces: mental health and architecture. HERD: Health Environments Research & Design Journal, 6(4), 127-168.
RESENHA
O presente estudo teve como objetivo produzir uma revisão de literatura acerca dos efeitos da arquitetura e do design sobre os usuários de hospitais especializados em saúde mental. Ou seja, instituições psiquiátricas que são acessadas quando uma pessoa necessita de internação em função de uma doença mental. Para atingir esse objetivo os pesquisadores reuniram um time interdisciplinar de profissionais para avaliar publicações anteriores sobre saúde mental e projetos de arquitetura e design.
A metodologia utilizada foi seleção de artigos de revisão já publicados. A busca foi feita usando palavras-chave e 13 bases de dados, os pesquisadores realizaram uma busca sistemática da literatura, ou seja, foi realizada uma busca previamente organizada das publicações e baseadas em critérios de inclusão e exclusão. Os artigos revisados obviamente deveriam abordar o tema dos cuidados de saúde mental e arquitetura e precisavam ter sido publicados entre 2005 a 2012. Também foram admitidas teses acadêmicas defendidas entre o período de 2000 a 2012. Dos 165 artigos (incluindo anais de congressos, livros, e teses), 25 continham dados numéricos de estudos empíricos e 7 eram artigos de revisão.
Dessa forma a equipe multidisciplinar que envolveu psiquiatras, psicólogos, arquitetos, designers e terapeutas ocupacionais analisaram essas publicações com vistas a compilar e organizar os dados. Assim, fornecendo ao leitor um panorama geral da produção científica que relaciona a arquitetura e o design de hospitais dedicados à recuperação do bem estar psicológico e como esses aspectos auxiliam na recuperação e manutenção da saúde mental dos usuários.
Os principais temas que emergiram da revisão das publicações foram: modelo geral de cuidado, jardins, área verde, interiores (detalhes), quarto dos pacientes, iluminação, avaliação pós-ocupação e experiência do usuário. Sobre iluminação, por exemplo, os autores compilaram dados que apontam que a iluminação está relacionada com transtornos alimentares, depressão, doença de Alzheimer, dentre outros. Assim como também a iluminação afeta o humor e a percepção. Estudos apontam impacto positivo nessas patologias quando há luz natural e proximidade de janelas. Para pacientes com Alzheimer a presença de iluminação melhora a qualidade de sono e organização da rotina. Assim, algumas recomendações são sugeridas: fornecer janelas para que haja luz nos quartos dos pacientes com dispositivos para controle de ofuscamento e temperatura, orientar os quartos dos pacientes para maximizar a exposição ao sol da manhã, fornecer alta iluminação para tarefas visuais complexas.
Para além de detalhar aspectos importantes de iluminação os autores também organizam dados sobre o que seriam “ambientes salutogênicos”, ou seja, ambientes que fomentam saúde, os autores também trazem detalhes sobre a presença de plantas, jardins, bem como a importância de dar atenção à estética nos interiores, mas claro, não perdendo de vista a funcionalidade e as necessidades de cada paciente. Nesse sentido, sugestões baseadas em evidência sobre obras de arte e outros aspectos também são sugeridas.
Com base nos resultados da revisão, ressalta-se a crescente evidência dos benefícios do design terapêutico para bem-estar do paciente e da equipe, bem como tem implicações para o tempo de permanência do cliente nos espaços de internação. Além de compilar dados sobre as variáveis citadas no parágrafo anterior os autores adicionam outras questões de pesquisa que consideram pertinentes, como, por exemplo, a necessidade de mais estudos pós-ocupação, pois, através destes haverá maior corpo de evidência de boas práticas.
Palavras-chave: design baseado em evidências, hospital, pós-ocupação, saúde mental.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em junho de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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