Título: Diálogos entre a Psicologia Ambiental e a Arquitetura para o cuidado da Saúde.
Sugestão de referência: DA SILVEIRA, Bettieli Barboza; FELIPPE, Maíra Longhinotti. Ambientes Restauradores: conceitos e pesquisas em contextos de saúde. 2019.
RESENHA
Essa publicação foi organizada por duas professoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e reúne capítulos acerca da temática Ambientes Restauradores em contextos de saúde.
Neste capítulo as autoras pretenderam apresentar uma reflexão acerca dos espaços físicos de instituições, a saber: hospitais, unidades de pronto atendimento e postos de saúde. Para tanto, partiram da premissa de que as características arquitetônicas desses ambientes podem contribuir para a promoção de saúde, como também, serem fontes geradoras de estresse. A teoria de base para reflexão está pautada na Psicologia Ambiental (PA) e na Arquitetura, já que a interlocução entre esses campos do conhecimento permite pensar nos ambientes construídos não apenas como o pano de fundo onde se desdobram os acontecimentos da vida, mas como parte de um sistema integrado de relações, em que lugares e pessoas se tecem mutuamente, de modo indissociável.
Assim, para dar suporte à sua reflexão, as pesquisadoras organizam o capítulo em grandes tópicos nos quais apresentam diferentes campos do conhecimento e sua contribuição para esse diálogo entre psicologia ambiental, arquitetura e os espaços de saúde. Esses tópicos são: o design baseado em evidências, a teoria do design de suporte e a influência do ambiente de cuidado à saúde sobre o bem estar, nesse as autoras apresentam várias evidências científicas no sentido de revisar os últimos achados empíricos. Dessa forma então o leitor vai sendo situado sobre quais campos de estudo embasam seu texto.
Dentro do tópico “influência do ambiente de cuidado à saúde sobre o bem-estar: evidências empíricas” as autoras organizam tópicos a fim de concentrar os diferentes impactos de diferentes variáveis sobre a saúde em um ambiente de cuidado. Abaixo são expostos esses tópicos e uma breve definição, cabe ressaltar que na publicação é disponibilizado um aprofundamento de cada variável no tópico, bem como é apresentada uma tabela sintetizando os atributos físicos associados a estresse e a outros resultados.
Ruído e estresse nos ambientes de cura: Existem evidências consistentes tanto de que hospitais são ambientes ruidosos como de que o ruído é um importante estressor.
Elementos naturais e estresse nos ambientes de cura: Existe um contundente corpo de investigações que demonstram empiricamente que a exposição a elementos ou ambientes naturais reais ou simulados em hospitais ― tais como o contato com a natureza através de uma janela, murais, quadros de arte, vídeos ou em jardins ― pode promover a melhoria de parâmetros fisiológicos e psicológicos associados a estresse.
Outras implicações ambientais sobre o bem-estar: iluminação artificial apropriada, presença de espaços dedicados à família do paciente, redução de ruído e exposição à natureza são, como visto, aspectos não apenas relacionados direta ou indiretamente à melhoria de parâmetros psicofisiológicos ligados ao estresse em hospitais, mas também à melhoria de outros parâmetros de bem-estar. Os atributos físicos ― visões da natureza, quartos com um único leito, áreas dedicadas à família no quarto de internação, superfícies acústicas e iluminação apropriada ― favorecem em algum modo a percepção de controle pessoal, o acesso ao suporte social ou a distrações positivas, corroborando a Teoria do Design de Suporte para o planejamento de espaços promotores do bem-estar que não ofereçam situações cujos efeitos possam ser negativos a pacientes, familiares e profissionais.
As autoras concluem defendendo que a compreensão dos mecanismos de correspondência entre as características físicas de um lugar e as reações humanas nele manifestadas é de suma importância para quem estuda e planeja os diferentes ambientes, pois possibilita antever e projetar os modos de interação entre as pessoas e seus entornos, facilitando relações desejadas.
Palavras-chave: Psicologia Ambiental, biofilia, saúde, bem-estar, ruído.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2022.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em novembro de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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