Título: Design para demência: música como meio de estimulação de memórias autobiográficas.
Sugestão de referência: Vilar, D. P. (2018). Design para a Demência-Música como meio de estimulação de memórias autobiográficas.
Disponível: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/117821/2/304186.pdf
RESENHA
O número de casos de pessoas com demência em todo o mundo tem vindo a aumentar, estima-se que em 2010, cerca de 35,6 milhões de pessoas estavam diagnosticadas com demência. Previsões apontam a duplicação deste valor para o ano de 2030. Assim, o autor desse estudo ressalta que é urgente a procura por soluções que melhorem a qualidade de vida dos doentes e por consequência dos cuidadores formais e informais, assim como todo o seu agregado familiar.
Foi a partir desta problemática, que o autor iniciou o desenvolvimento deste projeto, onde o Design e o Pensamento de Design Centrado no Utilizador servem de ferramentas para abordar um tema e um público que na maioria das vezes é tratado apenas com recursos farmacológicos. Entretanto, fica claro que não se pretende substituir o papel dos fármacos, mas sim fornecer um meio de criar mais e melhores relações entre cuidador/família e doente. Os autores utilizaram então o Design como ferramenta para procurar entender a capacidade da estimulação sensorial auditiva como meio de relembrar (podendo ser apenas por curtos espaços de tempo) memórias autobiográficas dos doentes. Para isso foi utilizada a música como elo de ligação entre o doente e as suas memórias perdidas.
A proposta do autor se trata da criação de uma ferramenta, um “aparelho de som” personalizado que utiliza músicas alusivas às vivências dos determinados espaços temporais passados dos doentes, como meio de estimulação de memórias autobiográficas, ou seja memórias de episódios da vida do sujeito. O aparelho é constituído por um altofalante, três botões principais (um para cada fase da vida da pessoa) e um outro botão de controle de volume. O objeto possui uma ligação USB para carregamento da bateria do mesmo como também para a inserção personalizada das músicas de cada utilizador. Este poderá acompanhar o utilizador para uso pessoal como para uso em algum tipo de abordagem terapêutica. Cabe ressaltar que o autor realizou diversos testes de usabilidade com diferentes protótipos e esses testes foram realizados em residenciais de longa permanência onde vivem sujeitos portadores de demência, dessa forma, ressalta o autor, que foi possível a realização de testes de usabilidade bastante focados no público-alvo.
Após a análise dos resultados, observou-se que tal como nos estudos publicados anteriormente, a música teve um impacto positivo na recordação de memórias autobiográficas. Contudo, a utilização de apenas dois indivíduos e a ligeira diferença de resultados entre os vários testes, não permite retirar generalizações, principalmente sobre a influência da utilização de músicas culturais alusivas às vivências dos determinados espaços temporais passados dos doentes.
Deste modo, o autor aponta que é possível apenas afirmar, pelos casos experienciados ao longo do projeto, que a música teve efeitos positivos no que toca a estados de espírito e comportamentais das pessoas com demência. Nesse sentido o seu dispositivo é bastante útil. As pessoas com demência quando sujeitas ao estímulo musical tiveram reações imediatas, seja no esboçar de um sorriso, no cantar da música que está a ser ouvida, no batimento de pernas e braços numa tentativa de acompanhar o ritmo, ou até mesmo, no relembrar de memórias passadas. Acredita-se então que o objeto projetado, pode ter influência positiva na qualidade de vida das pessoas com demência como também nas relações interpessoais com os cuidadores de saúde e familiares.
Palavras-chave: Design de Produto; Demência; Música; Memória; Estimulação Sensorial.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em julho de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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