Título: Avaliando o efeito de intenção: O impacto do projeto da unidade de saúde no paciente e bem-estar dos funcionários.
Sugestão de referência: Alvaro, C., Wilkinson, A. J., Gallant, S. N., Kostovski, D., & Gardner, P. (2016). Evaluating intention and effect: The impact of healthcare facility design on patient and staff well-being. HERD: Health Environments Research & Design Journal, 9(2), 82-104.
RESENHA
Este estudo utilizou a metodologia de avaliação pós-ocupação (APO) para mensurar o impacto de um projeto arquitetônico no bem-estar psicossocial de pacientes e equipe em um espaço de reabilitação e cuidados em saúde.
Tendo como ponto de partida APO típicas, as intenções de projeto do hospital formaram a base teórica para avaliar os resultados, essas intenções incluíram: criação de um ambiente de bem estar; aumentar a conexão com a comunidade, a cidade e a natureza; aumentando as oportunidades de interação social, e promoção de atividades inspiradoras. Os autores apontam que a escolha por essas variáveis está pautada em estudos prévios que mostram um link entre um senso de comunidade e um bem-estar (felicidade, preocupação e enfrentamento), boa saúde física e mental, menor níveis de estresse, maior apoio social e maior níveis de atividade física.
A metodologia utilizada foi uma avaliação pré-teste-pós-teste com abordagem mista, ou seja, utilizando delineamento quantitativos e qualitativos, sendo que esse estudo contempla a parte quantitativa da análise dos dados. Três edifícios foram investigados neste estudo: o antigo hospital, o novo hospital e um hospital de comparação, um complexo de cuidados continuados e reabilitação. Tanto a fase de pré-teste como de pós-teste contaram com a participação de uma amostra significativa de pacientes e funcionários.
No que tange ao instrumento foram utilizadas escalas quantitativas e medidas complementares abertas para examinar as impressões do paciente e da equipe sobre o projeto de construção, seu bem-estar psicossocial e saúde percebida (somente pacientes) no pré-teste e pós-teste. Nas escalas continham perguntas sobre a impressão geral do edifício, o senso de pertencimento que o paciente ou funcionário relacionava à edificação, bem como escalas de bem estar que contemplavam a avaliação de otimismo e satisfação. Além disso foram avaliados também sintomatologia depressiva, satisfação com o espaço, dentre outras medidas utilizadas como presença de sintomas de Burnout nos funcionários e intenção de pedir demissão.
Os resultados apontaram que com exceção da conexão com a vizinhança (na visão dos pacientes) e oportunidades de interação com outras pessoas (segundo avaliação dos funcionários) as impressões do novo hospital eram semelhantes às impressões em relação ao antigo hospital. Segundo os autores houve percepção de melhora na saúde mental, autoeficácia na mobilidade, satisfação e as interações interprofissionais foram aprimoradas no novo hospital (reformado) em relação ao antigo. Não foram observadas diferenças significativas, no entanto, em variáveis como otimismo, sintomas depressivos, bem-estar geral, Burnout e intenção de se demitir (essas duas últimas variáveis relacionadas aos funcionários).
Curiosamente, os autores observaram os efeitos auxiliares que a impressão positiva da edificação pode ter sobre outras variáveis: pacientes e funcionários com impressões favoráveis do projeto pontuaram melhor na maioria dos outros resultados quando comparados àqueles com resultados menos favoráveis com relação às suas impressões do edifício. Este dado aponta a importância, ou mesmo influência, da impressão positiva geral do projeto sobre outras possíveis variáveis, mesmo as mais técnicas, que estão sendo mensuradas.
Dessa forma os pesquisadores concluem que, além do valor de avaliar o impacto das intenções do projeto no resultado, através de estudos de pós-ocupação bem conduzidos, a abordagem usada neste trabalho beneficiaria as avaliações em uma diversidade de contextos de saúde e outros edifícios públicos e de grande dimensão.
Palavras-chave: avaliação pós-ocupação, projeto de instalações de saúde, arquitetura e saúde, projeto baseado em evidências, o ambiente construído e o bem-estar.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2022.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em setembro de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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