ARTIGOS CIÊNTÍFICOS

Aplicando Neurociência à Arquitetura por John Eberhard

Título: Applying Neuroscience to Architecture (Aplicando Neurociência à Arquitetura)

Sugestão de referência: Eberhard, J. P. (2009). Applying neuroscience to architecture. Neuron, 62(6), 753-756.

Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0896627309004310.

RESENHA

John P. Eberhard foi um dos criadores da Academia de Neurociências para Arquitetura (ANFA), sendo o primeiro presidente desta instituição. Nesse texto ele fornece um panorama claro da relação entre esses dois campos.

A pesquisa em neurociência e a prática da arquitetura utilizam nossa mente e cérebro praticamente da mesma forma. Todavia a relação entre o conhecimento acerca do cérebro e a arquitetura e o design precisa ser aprofundado. Articular esses dois campos então é um desafio que vale a pena ser considerado.

Os cientistas sociais e comportamentais tem se debruçado há muito tempo no estudo de como os ambientes impactam e moldam nossas experiências. Assim, é sabido desse impacto e ninguém o nega, entretanto ainda há muito que esclarecer acerca dos processos, ou seja, como isso se dá. Nesse sentido a arquitetura busca na neurociência algumas bases para dar conta das seguintes questões: como o design das salas de aula pode favorecer o desempenho cognitivo? Como o design de leitos hospitalares pode otimizar a recuperação de pacientes? Como o design de escritórios e laboratórios pode facilitar atividades interdisciplinares? Essas são apenas algumas questões que interessam aos profissionais da arquitetura e as quais a neurociência pode auxiliar a responder.

Para o autor o elemento chave para aplicar neurociência à arquitetura é o entendimento da consciência. Entretanto, mesmo para os estudiosos da neurociência a consciência é um dos aspectos ainda bastante misteriosos. Todavia, alguns cientistas acreditam que eventualmente será possível entender como a consciência emerge de um processo neural para uma interação com o mundo.

Eberhard, nesse artigo, ressalta estudos pioneiros como o de Nancy Kanwisher (1999) e colaboradores, os quais publicaram artigo na revista Neuron nesse mesmo ano, no qual estabelecem um link importante entre o cérebro e a experiência com a arquitetura, os autores demonstraram que o local onde esse link acontece é na área parahipocampal (PPA) (área que envolve o hipocampo, uma estrutura cerebral que faz parte do sistema que processa emoções, memória e aprendizagem). A área parahipocampal parece ficar mais ativa quando as pessoas visualizam cenas complexas como cômodos mobiliados, paisagens, e espaços urbanos, essa área armazenaria memórias desse contato com os espaços construídos. Essa pesquisa de Kanwisher é uma das únicas que claramente relaciona o cérebro a arquitetura.

Um case de como a neurociência impacta a arquitetura e o design é o trabalho do Dr. Stanley Graven da Universidade do Sul da Flórida, o qual envolve um estudo com as UTI´s neonatais. Crianças recém-nascidas necessitam de condições adequadas para se desenvolverem, nesse sentido é de suma importância projetar ambientes de cuidado e recuperação que ofereçam condições de suporte, acolhimento, além disso, que facilitem o desenvolvimento e minimizem interferências. Quando um bebê nasce prematuro – no início do terceiro trimestre, a sequência do desenvolvimento sensorial se torna uma preocupação, a presença de estímulos de uma ordem sensorial pode atrapalhar o desenvolvimento de outra, por exemplo, é necessário que a modalidade auditiva preceda a visual no desenvolvimento. Dessa forma o ambiente necessita respeitar a ordem de desenvolvimento do bebê sendo necessário atentar para a presença dos tipos de estímulos que comumente existirão no local. Esse aspecto deve ser considerado no projeto. Nesse sentido o trabalho do Dr. Graven, sugere que as UTI´s neonatais sejam projetadas facilitando o desenvolvimento e minimizando a interferência sobre os sistemas neuronais. Assim, estudos como esse estão começando a influenciar as decisões dos profissionais de arquitetura e design, sendo um exemplo claro da relação entre neurociência e arquitetura.

Um case de como o design impacta o cérebro: A capela Thorncrown (figura apresentada ao final do texto) é um bom exemplo de como o design pode impactar nosso cérebro e mente. Esse edifício foi eleito o quarto mais impressionante projeto de design do século XX pelo Instituto Americano de Arquitetos e desde julho de 1980 – data de sua inauguração – já foi visitada por mais de cinco milhões de pessoas. No que tange ao conhecimento disponível acerca do cérebro e da mente, algumas hipóteses podem ser levantadas sobre a experiência associada à capela Thorncrown, sobretudo do ponto de vista cognitivo e emocional.

Nosso senso de admiração é influenciado, em parte, pelo fato de ter espaço sobre a nossa cabeça, um teto bastante alto, no caso. Olhar para cima para admirar o teto de uma catedral trás um aspecto etéreo a experiência.

A sensibilidade do nosso núcleo supraquiasmático (estrutura relacionada à visão) à luz, modula nosso ritmo circadiano, o que, por sua vez vai influenciar nosso estado de alerta. Essa resposta do núcleo supraquiasmático a luz e a sombra podem ser muito estimulantes.

O local onde está a capela, por ser silencioso também proporciona uma experiência suavizante ao nosso córtex auditivo. Sobretudo por contrastar com ambientes mais urbanos e barulhentos aos quais os visitantes podem estar mais acostumados.

Potencial aplicação da neurociência: A Academia de Neurociência para Arquitetura (ANFA) foi criada em 2003 para explorar maneiras de relacionar a pesquisa em neurociência a pratica em arquitetura. Desde então muitos congressos, workshops, dentre outros eventos foram realizados com o intuito de pensar formas de aplicar o conhecimento acerca do cérebro às necessidades de projetos de espaços de saúde, de ensino e aprendizagem, religiosos, dentre outros.

O estudo do cérebro compreende, de forma geral as seguintes áreas: sensação e percepção, aprendizagem e memória, tomada de decisão, emoções e afeto e movimento. Dessas grandes áreas, é possível translacionar hipóteses para o estudo da neurociência com aplicação para profissionais da arquitetura e do design. Eberhard montou algumas dessas hipóteses, a saber:

O cérebro está programado a responder melhor a proporções que respeitem a “média de ouro”, o meio termo, ou como dito em inglês pelo autor, a “golden mean” (a exemplo do trabalho do arquiteto Palladio).

Uma série de atividades cerebrais da qual várias estruturas participam (córtex, cerebelo, Gânglios da base, amígdala e mesencéfalo) trabalham juntas para produzir a sensação de admiração (como no caso da capela Thorncrown).

Importância de espaços de acolhimento na velhice que permitam aos residentes mobiliar seus quartos com móveis pessoais que forneçam suporte para sua memória episódica.
Por fim, é relevante ressaltar que passamos mais de 90% de nosso tempo acordados dentro de edificações, sendo, consequentemente apropriado que reunamos esforços para encorajar pesquisadores do cérebro a pensar adequadamente esses espaços, tendo como balizador as hipóteses e estudos realizados pela ANFA.

Palavras-chave: arquitetura, neurociência, design, cérebro, espaços construídos, emoção.

Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.

Graduada em Psicologia.
Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.

Observações importantes:

Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.

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