Título: Ambientes Restauradores: conceitos e definições.
Sugestão de referência: DA SILVEIRA, Bettieli Barboza; FELIPPE, Maíra Longhinotti. Ambientes Restauradores: conceitos e pesquisas em contextos de saúde. 2019.
RESENHA
Esta publicação foi organizada por duas professoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e reúne capítulos acerca da temática Ambientes Restauradores em contextos de saúde. O presente texto se constitui de um resumo do primeiro capítulo, intitulado “Ambientes Restauradores: conceitos e definições”.
O termo ambiente restaurador foi desenvolvido pelos pesquisadores Rachel e Stephen Kaplan e Roger Ulrich. Os mesmos desenvolveram duas teorias conhecidas como Teoria da Restauração da Atenção (Attention Restoration Theory, ART – Kaplan & Kaplan, 1989) e Teoria Psicoevolucionista para a restauração psicofisiológica a partir do estresse (Psychoevolutionary Theory, PET – Ulrich, 1984). Segundo esses autores, restaurar, nesse contexto, significa a recuperação e o restabelecimento dos aspectos psicofisiológicos alterados pelo estresse e pela diminuição da atenção em função da fadiga.
A literatura sobre ambientes restauradores postula que diante de diversas condições de estresse, por exemplo, ambientes urbanos costumam ter menor poder restaurador do que ambientes naturais. Em contrapartida para outros autores, alguns ambientes construídos também podem possuir propriedades que não apenas permitem o processo restaurador, mas também, e de maneira ativa, promovem alterações psicológicas e fisiológicas positivas, favorecendo a recuperação de recursos cognitivos.
Tendo em vista o aspecto cognitivo cabe lembrar que a atenção é um processo mental responsável pelo foco nos estímulos relevantes facilitando a interação com o ambiente, desempenhando um papel importante no que se refere à capacidade humana de selecionar alguns estímulos e ignorar outros. A Teoria da Restauração da Atenção aponta que a atenção dirigida e o sistema inibitório fadigado podem se restabelecer a fim de devolver ao indivíduo sua funcionalidade cognitiva. Nesse sentido, a “fascinação” diante da observação de um ambiente pode ser um fator necessário para a restauração da atenção, sobretudo a chamada atenção dirigida.
No que tange à segunda teoria apresentada no capítulo, a teoria da recuperação psicofisiológica do estresse, ou Teoria Psicoevolucionista, essa enfatiza especialmente, a resposta afetiva associada à percepção visual e estética de determinados ambientes. O autor desta teoria ao analisar a recuperação de pacientes pós-cirúrgicos com quadro clínico similar em um hospital na Pensilvânia, verificou que duas configurações distintas de leitos fizeram significativa diferença na melhora dos pacientes. Ulrich percebeu que aqueles que observaram os elementos naturais pois tinham janela com vista, tiveram, em geral, redução no tempo de internação, na quantidade de analgésicos, além de receberem menor quantidade de avaliações negativas pela equipe de saúde. Em contrapartida, os pacientes que observaram apenas o cenário “cinza” não acompanharam as significativas melhorias dos demais. Assim, a Teoria Psicoevolucionista, acredita que determinadas configurações ambientais facilitem, permitam ou até mesmo promovam a recuperação dos recursos psicofisiológicos mobilizados durante uma reação de estresse.
As duas teorias (de restauração da atenção e psicoevolucionista) concordam, entretanto, quanto ao tipo de ambiente mais favorável à restauração. Ambas apontam os ambientes naturais como possuidores de qualidades físicas que favorecem o processo de recuperação. Mais que dois modos de explicar os motivos pelos quais os ambientes naturais exercem uma influência positiva sobre a saúde humana, a existência das teorias evidencia que esta influência pode ocorrer para diferentes condições antecedentes e por meio de diferentes processos.
Palavras-chave: atenção, estresse, ambiente construído, biofilia.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2022.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em novembro de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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