Título: A Psicologia dos Ambientes Domésticos: Uma Chamada para Pesquisa em Espaços Residenciais
Sugestão de referência: Graham, L. T., Gosling, S. D., & Travis, C. K. (2015). The psychology of home environments: A call for research on residential space. Perspectives on Psychological Science, 10(3), 346-356.
Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1745691615576761?journalCode=ppsa
RESENHA
Neste artigo os autores advogam sobre a importância das residências, apontam que as pessoas dedicam muito de seus pensamentos, tempo e recursos para selecionar, modificar e decorar seus espaços de vida e podem ser devastados quando por algum motivo perdem esse espaço. No que tange ao conhecimento empírico, a literatura psicológica carece de conhecimento científico acerca do papel que os lares desempenham na vida das pessoas.
Além disso, argumentam que os lares fornecem um contexto que pode ser bastante informativo para uma ampla variedade de pesquisas que investigam como as relações sociais, de desenvolvimento, cognitivas, bem como demais processos psicológicos ocorrem em um cenário consequente do mundo real. Ademais, essa temática é de interesse de diversas áreas diferentes do conhecimento, como: arquitetura, engenharia, sociologia, dentre outras.
Os autores do estudo expõem também quais os benefícios de se estudar os ambientes domésticos mapeando de forma exploratória os “ambientes psicológicos” dentro do macro ambiente casa. Os exemplos citados desses ambientes psicológicos seriam, por exemplo, ambientes que correspondam a romance, conforto e união, também foi mapeado pelos autores outras variáveis desejáveis a determinados cômodos de um ambiente doméstico como restauração, parentesco, armazenamento, estimulação, intimidade e produtividade.
Além desses, outros fenômenos podem ser elucidados dentro do ambiente doméstico, por exemplo: relações românticas e interpessoais no geral, emoção e regulação emocional, identidade, fenômenos relacionados ao desenvolvimento do sujeito, bem como pesquisas que envolvam comparações entre culturas. Muitos desses, inclusive, são fenômenos normalmente observados em pesquisas mais pontuais e, comumente realizadas em contextos mais experimentais, assim, os lares se tornam espaços de grande validade metodológica para estudos empíricos uma vez que são espaços onde, de fato, as pessoas passam seu tempo.
Dentre outros campos de estudo, a arquitetura e o design são áreas que também têm muito a contribuir e a se beneficiar de pesquisas que envolvam o ambiente doméstico. Por exemplo, análises das maneiras como as pessoas percebem e usam seus ambientes domésticos podem ajudar nos projetos de arquitetura e de design que sejam adequados às necessidades reais dos indivíduos na sua rotina. Psicólogos que estudam processos de percepção também podem ajudar os arquitetos a entender os efeitos sobre os seres humanos de recursos ambientais, como som, luz e odor, como já acontece com ambientes corporativos, comerciais e de saúde, mas que não existe com a mesma quantidade quando se trata de ambientes domésticos.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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