Título: A percepção humana acerca dos sons do ambiente.
Sugestão de referência: Aletta, F., De Coensel, B., & Lindborg, P. (2021). Human Perception of Environmental Sounds. Frontiers in Psychology, 12.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8274969/
RESENHA
Os sons do ambiente são um componente fundamental da experiência humana, pois carregam significados e informações contextuais, além de fornecer consciência situacional. Eles têm o potencial de apoiar ou interromper atividades específicas, bem como desencadear, inibir ou simplesmente mudar comportamentos humanos no contexto. Nesse sentido, o presente estudo pretendeu compilar diferentes tópicos das pesquisas sobre som ambiente e seus impactos em diferentes categorias, a saber: teoria da paisagem sonora, paisagem sonora para saúde e bem-estar, percepção sonora em ambientes humanos, design de paisagem sonora. Abaixo serão elencadas algumas informações relevantes sobre as pesquisas que envolvem som e a saúde humana.
Muitos aspectos acerca da influência negativa do ruído na saúde e no bem-estar das pessoas estão bem estabelecidos na literatura, corpo de conhecimento produzido na última década, inclusive. Por exemplo, dados apontam que a exposição prolongada ao ruído perto de aeroportos ou tráfego rodoviário de alta densidade, mesmo em níveis dentro dos regulamentos legais, tem sido associada a uma maior incidência de uma série de doenças cardíacas. No contexto educacional, é sabido que salas de aula excessivamente reverberantes obscurecem a percepção de fonemas e retardam o aprendizado de línguas para em crianças.
Esse conhecimento e esforços conjuntos para fazer cumprir as regulamentações foram influenciando o planejamento urbano gradativamente. Em contrapartida os efeitos positivos do som e da paisagem sonora só mais recentemente entraram em foco. Um experimento com 70 pacientes internados em um hospital pretendeu avaliar marcadores fisiológicos e de recuperação de estresse por meio de um fone de ouvido e aparelhagem de realidade virtual, nesse experimento os pacientes ouviam sons agradáveis enquanto alguns parâmetros eram avaliados.
Usando uma configuração experimental semelhante, pesquisadores apresentaram imagens visuais de parques naturais enquanto adicionava diferentes tipos de ruídos, participaram desse estudo 229 voluntários. Já outros pesquisadores mediram o efeito de diferentes tipos de ruído ecologicamente válidos e.g., tráfego rodoviário ou “tagarelice” de vários interlocutores, enquanto uma pessoa tentava realizar uma tarefa de aprendizado, para assim mensurar o impacto do barulho sobre o desempenho na tarefa. No país Basco foram realizados estudos observacionais após as medidas impostas pela pandemia e o silêncio atípico que isso provocou em grandes cidades.
Os quatro temas de pesquisa dentro da variável som abordados no artigo (i.e. teoria da paisagem sonora, paisagem sonora para saúde e bem-estar, percepção sonora em ambientes humanos, design de paisagem sonora) não cobrem toda a gama de questões que estão sendo debatidos no contexto dos estudos de som, eles detectam alguns “tópicos quentes” e áreas de interesse para pesquisadores e profissionais da área. Há um claro interesse em fazer uma conexão com quadros de saúde e bem-estar e também uma perspectiva de concepção e co-criação de espaços públicos abertos.
Técnicas de realidade virtual são agora comumente usadas em experimentos perceptivos, juntamente com pesquisas in loco e a análise de grande número de dados, o chamado “big data”, oriundo de fontes públicas. No futuro, será essencial incluir todos os possíveis interessados no debate: o público, pesquisadores, praticantes, artistas e profissionais com diferentes habilidades e perícia. Isso ajudará a testar novas hipóteses e a triangular metodologias e resultados.
Palavras-chave: paisagem ambiente, percepção, acústica, planejamento urbano, saúde, design, redução de ruído.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em abril de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
- Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998 pertencem exclusivamente à NEUROARQ® Academy. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela internet e outros), sem prévia autorização por escrito.