Título: Andando por espaços arquitetônicos: o impacto da forma interior na dinâmica do cérebro humano (Walking through Architectural Spaces: The Impact of Interior Forms on Human Brain Dynamics)
Sugestão de referência: Banaei, M., Hatami, J., Yazdanfar, A., & Gramann, K. (2017). Walking through Architectural Spaces: The Impact of Interior Forms on Human Brain Dynamics.
Disponível: https://core.ac.uk/download/pdf/237184999.pdf
RESENHA
A neuroarquitetura usa ferramentas neurocientíficas para entender melhor o projeto arquitetônico e seu impacto na percepção humana e na experiência subjetiva. Assim, entende-se que a forma do ambiente construído é fundamental para o projeto arquitetônico, mas poucos estudos abordam o impacto de diferentes formas nas emoções dos moradores/frequentadores do ambiente.
Dessa forma, para contribuir com esse campo do conhecimento, o presente estudo investigou os correlatos neurofisiológicos de diferentes formas presentes em interiores (espaços fechados) sobre o estado afetivo dos observadores, assim como a atividade cerebral que o acompanha.
Para entender o impacto das formas arquitetônicas tridimensionais (3D), é essencial perceber as formas de perspectivas diferentes, para isso, os pesquisadores produziram formas tridimensionais extraídas de imagens de interiores de residenciais e modelos de salas 3D com diferentes tipos de formas.
Assim, foi possível investigar a atividade do cérebro humano durante a percepção de espaços arquitetônicos usando uma imagem móvel do cérebro/corpo e gravando o eletroencefalograma (EEG) dos participantes enquanto eles naturalmente percorreram diferentes interiores utilizando um óculos de realidade virtual (VR). Essa simulação muito bem desenhada permitiu aos pesquisadores do estudo observar a atividade cerebral durante a interação do sujeito em um ambiente com diferentes formas.
Os resultados apresentados pelos autores revelaram um forte impacto das geometrias de curvatura na atividade no córtex cingulado anterior (CCA), atividade essa observada através do EEG, evidenciando o papel dessa estrutura no processamento de características arquitetônicas além de seu impacto emocional.
Além da atividade do CCA, também foi observada atividade no córtex cingulado posterior (CCP) e no lobo occipital, demonstrando que essas estruturas estiveram envolvidas na percepção de diferentes perspectivas do ambiente durante o passeio pelo cenário em 3D. Esta pesquisa lança nova luz sobre o uso de EEG e de realidade virtual em estudos de arquitetura e fornece a oportunidade de estudar a dinâmica do cérebro humano em participantes que exploram e experimentam realisticamente os espaços arquitetônicos.
Cabe ressaltar que esse tipo de delineamento experimental é interessante uma vez que se aproxima um pouco mais da realidade, o que o torna mais válido ecologicamente. Por outro lado, estudos com ressonância magnética funcional, por exemplo, embora sejam muitas vezes interessantes possuem menor validade ecológica pelo contexto no qual são conduzidos, ou seja, dentro de laboratórios que pouco tem a ver com o cotidiano das pessoas. Assim, estudos que misturam metodologias que se complementam entre si são de grande valia.
Palavras-chave: neuroarquitetura, eletroencefalografia EEG, forma arquitetônica do interior, realidade virtual.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em agosto de 2022, ele pretende ressaltar apenas pontos gerais do estudo realizado bem como suas principais conclusões. Para informações mais específicas sugere-se a leitura do estudo na íntegra.
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