Título: Essential oil of lavender in anxiety disorders: Ready for prime time? (Óleo Essencial de Lavanda em Transtornos de Ansiedade: pronto para as novidades?)
Sugestão de referência: Malcolm, B. J., & Tallian, K. (2017). Essential oil of lavender in anxiety disorders: Ready for prime time?. Mental Health Clinician, 7(4), 147-155.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6007527/
RESENHA
Esse artigo objetivou reunir informações acerca da utilização do óleo essencial de Lavanda como terapia complementar para os transtornos de ansiedade. Trata-se então de um estudo de revisão de dados já publicados e consolidados sobre a temática.
Os óleos essenciais já são amplamente utilizados em abordagens como a aromaterapia, uma prática que está classificada junto a gama de práticas integrativas e complementares (PIC´s). O óleo essencial de lavanda é um dos mais utilizados e parece ter propriedades antidepressivas, analgésicas, relaxantes e, sobretudo, ansiolíticas, ou seja, é capaz de minimizar os sintomas de ansiedade.
A ansiedade, por sua vez, é um sentimento normal até certo ponto, porém pode se tornar um transtorno e comprometer a saúde mental, física e a funcionalidade do indivíduo. As mulheres são duas vezes mais acometidas por transtornos de ansiedade do que os homens e entre os transtornos que estão dentro do espectro da ansiedade podemos citar: fobias, transtorno de ansiedade de separação, transtorno de ansiedade generalizada, entre outros. O tratamento “padrão ouro” para os transtornos de ansiedade combina a terapia farmacológica com a psicoterapia, sobretudo as cognitivas comportamentais. Todavia, as possibilidades de medicação para o tratamento da ansiedade possuem limitações, alguns fármacos podem gerar tolerância e dependência, outros podem não ser tão bem tolerados pelos pacientes ou então ser ineficazes. Nesse sentido as terapias complementares, como a com óleo essencial de lavanda se torna uma possibilidade de tratamento juntamente, claro, com os supracitados que já estão bem consolidados por evidências científicas, mas que devem ser indicados por profissionais especializados.
A forma de administração do óleo essencial pode ser tópica, passando na pele através de massagem em pontos estratégicos ou então através da inalação. A via inalatória pode ter um impacto psicológico importante já que o aroma é percebido pelo bulbo olfatório que se conecta diretamente com as áreas límbicas do cérebro – um sistema composto por estruturas como a amigdala, por exemplo, que é responsável por respostas emocionais e afetivas. Existem hipóteses que apontam que os cheiros podem ser gatilhos de memórias emocionais aversivas, como, por exemplo, o cheiro característico de consultórios odontológicos que podem provocar arrepios de ansiedade e medo em algumas pessoas. Em contrapartida, aromas particulares podem estar associados com emoções positivas, melhorando o humor e trazendo sensação de bem-estar, partindo dessa premissa o uso de determinados aromas em ambientes de forma estratégica pode ter impacto bastante positivo.
Infelizmente os estudos com óleos essenciais não são fáceis de ser executados quando levamos em conta o rigor científico, existem entraves metodológicos importantes que fazem com que seja difícil encontrar evidências fortes nesse campo. Quando falamos do estudo com o óleo essencial de lavanda e seu impacto nos transtorno de ansiedade essas limitações metodológicas também existem. Não é tarefa fácil desenhar estudos em que haja amostras, ou seja, participantes com níveis de ansiedade parecidos e que seja possível compara-los, entre si, por exemplo. Além disso, a variabilidade na composição dos óleos, sobretudo na concentração deles, acaba por trazer um componente heterogêneo importante e que também dificulta na condução de estudos mais rigorosos uma vez que a composição dos óleos essenciais varia muito, impedindo, dessa forma, uma eficaz comparação entre eles.
Embora haja esses entraves, o corpo de evidências publicado aponta que o óleo essencial de lavanda exibe propriedades de uma substância ansiolítica, tendo efeito calmante sem gerar sedação (sono). Além disso, não causa dependência como algumas medicações podem causar, não possui efeitos colaterais desagradáveis e age de forma bastante rápida. Estudos metodologicamente rigorosos – como os testes randomizados – também demonstraram que o óleo essencial de lavanda é útil para o tratamento dos transtornos de ansiedade, sobretudo porque é uma substância com um nível de segurança interessante. Entretanto é importante ressaltar que profissionais sejam consultados para atestar sua utilidade e sua função dentro de um esquema terapêutico planejado.
Palavras-chave: Lavanda, óleo essencial, aromaterapia, ansiedade, estresse.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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