Título: Observing Live Fish Improves Perceptions of Mood, Relaxation and Anxiety, But Does Not Consistently Alter Heart Rate or Heart Rate Variability (A observação de peixes vivos melhora a percepção de humor, relaxamento e ansiedade, mas não altera de forma consistente a frequência cardíaca ou a variabilidade da frequência cardíaca)
Sugestão de referência: Gee, N. R., Reed, T., Whiting, A., Friedmann, E., Snellgrove, D., & Sloman, K. A. (2019). Observing live fish improves perceptions of mood, relaxation and anxiety, but does not consistently alter heart rate or heart rate variability. International journal of environmental research and public health, 16(17), 3113.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6747257/
RESENHA
Aquários contendo peixes dentre outros animais aquáticos são comumente encontrados em residências, escritórios, espaços de cuidado para idosos dentre outros. A presença desse tipo de artifício, além de ter uma função ornamental parece ter um efeito relaxante em quem o observa, corroborando com a hipótese da biofilia. Todavia a imensa maioria dos estudos que examina a relação do homem com a companhia animal prioriza cachorros, cavalos, gatos, seguidos por outros mamíferos como os porquinhos da índia. A interação com animais tem sido relacionada a uma grande quantidade de benefícios para a saúde dos humanos como redução da mortalidade, redução da solidão e isolamento social, diminuição de sintomas de Transtorno do Estresse Pós Traumático, da ansiedade e aumento da interação social, dentre outros. Entretanto esses estudos são quase todos com animais de estimação mamíferos, poucos trabalhos tem estudado o efeito da observação de peixes vivos em aquários.
Para avaliar os efeitos da observação de peixes vivos num aquário os pesquisadores desenharam dois experimentos no qual sujeitos foram convidados a observar um aquário com peixes, um aquário contendo apenas plantas e água e outro aquário vazio. Numa das condições em que observaram essas três situações os sujeitos estavam ansiosos, essa ansiedade foi provocada no laboratório através de testes de matemática que os participantes deveriam fazer dentro de um determinado espaço de tempo e sendo observados pelo pesquisador.
Numa das condições então os sujeitos chegavam ao laboratório e eram instalados eletrodos para monitorar a frequência cardíaca e depois eles eram convidados a observar o aquário com os peixes, o aquário sem os peixes ou o tanque vazio. Após os cinco minutos de observação seus dados cardíacos eram mensurados e o sujeito respondia a uma escala para verificar seu humor. Na segunda condição os sujeitos passavam pela situação de estresse (testes de matemática), depois eram expostos às observações (com peixe, com plantas e água e tanque vazio), e, por fim, respondiam a questionários sobre seu humor.
Os resultados da primeira condição avaliada (sem o teste de matemática) indicaram que os participantes reportaram percepção de bom humor e relaxamento aumentados ao observarem o aquário com os peixes vivos. Essa percepção foi maior do que quando observaram o aquário somente com água e plantas bem como quando observaram o aquário vazio. Sua frequência cardíaca também diminuiu ao observar o aquário com os peixes vivos, porém essa alteração fisiológica não se mostrou diferente da condição de observação do tanque vazio.
De forma geral houve grande percepção de relaxamento, melhora do humor e diminuição da ansiedade durante ou após a observação dos peixes vivos, quando comparada as outras condições. Apesar de a frequência cardíaca ter aumentado após o teste de matemática – demonstrando que essa é uma ferramenta eficaz para gerar ansiedade – as alterações cardíacas não foram significativamente diferente entre as condições. Isso significa que essa medida não foi muito menor quando os sujeitos observavam os peixes vivos do que quando observavam o tanque com plantas ou vazio. Isso sugere que a relação entre essa percepção da ativação após o teste de matemática (ansiedade), e a medida fisiológica (frequência cardíaca e variação da frequência cardíaca), pode não ser tão forte e tão imediata. Além disso, os autores discutem a possibilidade de não ser a medida mais sensível para essa situação. Todavia, os escores de relaxamento foram maiores e os de ansiedade menores após a observação dos peixes vivos o que sugere que há um impacto positivo sobre essas variáveis.
Palavras-chave: interação homem/animal, benefícios psicológicos, ansiedade, biofilia, aquário de peixes.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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