Título: Is it Really Nature That Restores People? A Comparison With Historical Sites With High Restorative Potential (É realmente a natureza que restaura pessoas? Uma comparação com locais históricos com alto potencial restaurador).
Sugestão de citação: Scopelliti, M., Carrus, G., & Bonaiuto, M. (2019). Is it really nature that restores people? A comparison with historical sites with high restorative potential. Frontiers in psychology, 9, 2742.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6360171/
RESENHA
Existe uma quantidade significativa de pesquisas que apontam o efeito restaurador do contato com a natureza. Esse efeito psicológico restaurador se refere à capacidade que os ambientes naturais têm de reabastecer nossos recursos cognitivos que são desgastados pelas atividades do dia-a-dia. Além da melhora cognitiva, os ambientes naturais também proporcionam a redução dos níveis de estresse, essas informações são explicadas pela Teoria de Restauração da Atenção (Kaplan & Kaplan, 1989).
Todavia, quando esses estudos são realizados comumente são feitas comparações entre contato com ambientes naturais atrativos versus contatos com ambientes construídos não atrativos. Entretanto existem evidências de efeito restaurador também diante do contato com espaços históricos com características artísticas.
Assim, para avaliar o efeito do contato com ambientes de natureza e com ambientes construídos artísticos e históricos os autores desse artigo elaboraram alguns estudos. No total cento e vinte e cinco estudantes universitários participaram. Em um desses experimentos os participantes foram alocados de forma randômica em cinco grupos diferentes. Cada grupo foi solicitado a avaliar o potencial restaurador de dois ambientes naturais e dois ambientes construídos, essa avaliação foi realizada através de uma escala na qual os participantes respondiam acerca de suas impressões de cada espaço. Os ambientes foram apresentados aos sujeitos de pesquisa através de fotos, que foram tiradas em horários e épocas do ano similares. Essas fotos apareceram numa tela no laboratório de psicologia da universidade Sapienza, em Roma. Ademais, fotos de ambientes considerados “neutros” também foram avaliadas pelos sujeitos da pesquisa. Além de observar as fotos os participantes, em um dos estudos, também fizeram imersões presenciais nos locais, o que possibilitou mais uma medida de comparação, a observação dos locais através de fotos versus a experiência presencial.
Segundo os autores um resultado geral emergiu dos dados, que mostraram que os ambientes naturais podem promover maior restauração cognitiva quando comparados aos ambientes construídos históricos que também possuem potencial restaurador. Esse dado corrobora a hipótese da biofilia. Parece que a natureza é, em si, restauradora. Todavia, os autores apontam que os estudos demonstrando o impacto positivo do contato com a natureza para a redução do estresse e aumento do bem-estar devem ser considerados com parcimônia uma vez que algumas vezes as comparações realizadas nos estudos são “injustas”. Ou seja, a comparação acontece entre uma paisagem bela, por exemplo, e um ambiente construído pouco atrativo. Assim, é esse tipo de lacuna que eles objetivaram investigar.
Outro resultado interessante foi o do papel das experiências “in loco”, essas aumentaram o poder restaurador dos ambientes naturais, porém o mesmo não aconteceu nos ambientes construídos históricos. Esse dado demonstra também a necessidade de uma imersão presencial na natureza para que haja um efeito restaurador profundo. Por fim, cabe ressaltar que os efeitos restauradores da natureza e dos ambientes construídos históricos atuam em mecanismos psicológicos diferentes, ambos podem ter efeitos benéficos, porém as vias de atuação diferem entre si.
Palavras-chave: natureza, ambientes restauradores, ambientes históricos construídos, bem- estar.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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