Título: Nature at home and at work: Naturally good? Links between window views, indoor plants, outdoor activities and employee well-being over one year. (Natureza em casa e no trabalho: naturalmente boa? Links entre janelas, plantas de interior, atividades ao ar livre e bem-estar do funcionário ao longo de um ano.)
Sugestão de citação: Korpela, K., De Bloom, J., Sianoja, M., Pasanen, T., & Kinnunen, U. (2017). Nature at home and at work: Naturally good? Links between window views, indoor plants, outdoor activities and employee well-being over one year. Landscape and Urban planning, 160, 38-47.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169204616302717
RESENHA
A teoria da restauração da atenção (TRA) postula que observar a natureza através de uma janela pode ter um efeito restaurador. Além da questão da restauração da cognição existe outra teoria, a Teoria da Recuperação do Estresse, que aponta a relação entre a exposição à natureza e o aumento do bem estar, apontando um efeito psicofisiológico benéfico dessa exposição. São esses importantes conceitos da Psicologia Ambiental. Outra variável importante, todavia, mas não extensamente pesquisada é a vitalidade. Essa, segundo dados recentes, aumenta as estratégias de enfrentamento positivas – ou seja, a forma como as pessoas lidam com situações difíceis- além de aumentar a produtividade, tudo isso se constitui aspectos importantes para o bem-estar laboral.
No presente estudo os autores investigaram se as percepções sobre o uso de elementos naturais no trabalho e em casa estão relacionadas a aspectos positivos e de autopromoção do bem-estar do funcionário, particularmente a vitalidade subjetiva. Além disso, segundo os autores, um desfecho relevante que merece investigação neste contexto é a sensação de criatividade no trabalho que pode estar relacionada à vitalidade e resultar da restauração da atenção e menor excitação estressante após exposição à natureza.
Os autores apontam lacunas importantes nas pesquisas que dizem respeito a importância dos diferentes tipos de exposição à natureza. Assim, pretendem preencher algumas dessas lacunas usando um desenho longitudinal incluindo vários tipos de exposição à natureza, objetivando estudar os aspectos positivos e de auto aprimoramento do bem-estar: vitalidade, felicidade, vigor e criatividade. Essas relações são examinadas ao longo do tempo (um ano).
Para alcançar seus objetivos os pesquisadores planejaram então um estudo longitudinal, que aconteceu ao longo de um ano. Participaram do estudo colaboradores de 11 organizações de diferentes setores (i.e. educação, tecnologia da informação e mídia). Os dados sobre a exposição à natureza no ambiente de trabalho e em casa, no tempo livre, além dos dados de bem estar, foram coletados em 2 partes através de questionários enviados por e-mail. A fase 1 aconteceu em 2013 e a fase 2 em 2014. Os participantes do estudo receberam informações de que participariam de “um estudo longitudinal sobre o seu ambiente laboral que inclui questionários com os temas: trabalho, ambiente de trabalho, tempo livre, bem-estar e saúde”.
Foram coletadas diversas medidas, como de exposição à natureza no ambiente de trabalho, que incluiu perguntas como “Quantas plantas ou flores (artificiais ou reais) você tem no seu ambiente de trabalho?” Também foram coletadas informações sobre exposição à natureza em casa durante o tempo livre, com perguntas como “Você tem uma janela ou uma
sacada em sua casa com vista para a natureza, um parque, água ou um jardim”? Além dessas duas que dizem respeito à exposição à natureza foram coletadas informações acerca do bem-estar, da vitalidade, do vigor e da criatividade no trabalho. Assim como variáveis controle: autonomia no trabalho, apoio social e carga de trabalho.
No que tange aos resultados, os autores apontam que no geral obtiveram evidência limitada para a relação entre a percepção da exposição à natureza e o bem-estar do funcionário ao longo do tempo. A ligação entre a natureza e o bem-estar não era claramente unidirecional ao longo de um ano de estudo. Os autores ressaltam ainda, que embora reconheçam as limitações do desenho de seu estudo e medidas, essas descobertas “conservadoras” mostram que, em contextos da vida real, apenas uma pequena parte da variação no bem-estar do funcionário pode ser explicada com a exposição à natureza.
Por fim, os resultados apontam que a inclusão da atividade física na interação com a natureza pode ser mais eficaz do que formas mais passivas de interação. Mais especificamente, os presentes resultados sugerem que, para promover a vitalidade e a felicidade dos funcionários, independentemente das características do trabalho, idade ou sexo, pode ser benéfico estimular e planejar especificamente as atividades de tempo livre baseadas na natureza. Uma das limitações do estudo, apontada pelos autores, e, ao mesmo tempo uma sugestão para estudos futuros é que seja mensurada a intensidade da atividade física na presença de natureza, bem como que seja avaliada não só a presença das plantas no ambiente de trabalho, mas a interação com elas.
Palavras-chave: bem-estar, biofilia, natureza, trabalho.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em julho de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
- Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998 pertencem exclusivamente à NEUROARQ® Academy. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela internet e outros), sem prévia autorização por escrito.