Título: Health Benefits of Gardens in Hospitals
Sugestão de citação: Ulrich, R. S. (2002, April). Health benefits of gardens in hospitals. In Paper for conference, Plants for People International Exhibition Floriade (Vol. 17, No. 5, p. 2010).
Disponível em: https://jardinessanadores.cl/wp-content/uploads/2019/09/Health_Benefits_of_Gardens_in_Hospitals.pdf
RESENHA
Esse é um artigo de revisão da literatura, ou seja, que pretendeu compilar dados já publicados acerca do impacto da presença de plantas e jardins em espaços de saúde na recuperação dos pacientes.
A crença de que plantas e jardins são benéficos para pacientes em recuperação tem mais de mil anos e provem de culturas asiáticas bem como algumas ocidentais. Havia planta nos monastérios, por exemplo, que eram espaços de recuperação. Todavia com o tempo a preocupação passou a ser de assepsia, por isso a partir de 1900 as plantas sumiram dos espaços de saúde. Apesar do intenso estresse causado por uma doença e de uma hospitalização, por conseguinte, pouca atenção tem sido dada ao contexto necessário para a recuperação para além dos aspectos técnicos médicos.
Entretanto uma grande consciência tem sido criada em torno da necessidade de que os espaços de saúde sejam mais acolhedores, o que é oriundo de uma perspectiva mais holística de ser humano envolvendo a ideia de corpo e mente como unidade. Todavia ainda é desafiador convencer os administradores de hospital a investirem nessa questão em função dos custos. Nesse sentido, a produção de evidência para subsidiar esse argumento se faz necessária. Assim, é necessário que haja evidência de resultado clínico, além de resultado autorrelatado, subjetivo e impacto econômico, ou seja, a intervenção gera economia?
Com relação aos aspectos psicológicos evidências apontam que observar vegetação ou um jardim eleva os níveis de sentimentos positivos como sensação de prazer e calma e reduz emoções como medo, raiva e tristeza. Algumas cenas, imagens de natureza são capazes de capturar o interesse e a atenção podendo servir como um importante distrator a pensamentos disfuncionais. No que tange as variáveis fisiológicas é possível observar após a exposição a cenas de natureza que há uma melhor recuperação do estresse, dentre outras mudanças positivas como na pressão arterial, atividade cardíaca, tensão muscular e atividade cerebral. Um estudo, envolvendo contexto de consultório odontológico identificou que os pacientes apresentaram menos ansiedade quando na sala de espera foram expostos a um grande mural com imagem da natureza em comparação a quando a parede estava branca.
O efeito da presença de plantas também é benéfico para os funcionários. O estresse apresentado por funcionários dos hospitais, sobretudo a parte da enfermagem é significativo dada a demanda de trabalho e a complexidade inerente às situações. O que gera absenteísmo, rotatividade e mais custos. Assim, espaços de trabalho mais acolhedores e restauradores tendem a trazer mais benefícios para os colaboradores.
Acerca do impacto da natureza em hospitais sobre a melhora clínica dos pacientes elencou-se alguns estudos com resultados importantes. O primeiro deles estudou o impacto de seis diferentes estímulos visuais, sendo dois deles imagens da natureza, sobre a melhora de paciente em cuidados intensivos. Os resultados sugerem que os pacientes que observaram as imagens contendo cenas de árvores e água ficaram significativamente menos ansiosos durante seu pós-operatório do que pacientes que viram outros tipos de imagens, como fotos com imagens abstratas, por exemplo. Além disso, os que viram as fotos de natureza também sofreram menos com dores fortes, necessitando de menos medicação analgésica.
Outro resultado que apontou melhorias clínicas foi um estudo envolvendo pós-operatório de cirurgias de vesícula biliar. Pacientes que tinham vista para a natureza foram comparados a pacientes que tinham vista para construções sem presença de elementos da natureza. Os resultados mostraram que os pacientes que tinham vista para a natureza permaneceram menos dias internados e apresentaram menos complicações pós-operatórias como náusea e dor de cabeça, consequentemente necessitando de menos medicação.
Algumas características de jardins restauradores: As evidências nesse sentido são limitadas uma vez que os estudos são poucos, porém, o que se sabe até então é que jardins com efeitos restauradores são aqueles que contem grande quantidade de folhagens verde, flores e água calma, e nos quais os sons sejam congruentes como o de pássaros, da brisa ou da própria água. Espaços como os que se parecem com parques ou savanas também podem ser potencialmente restauradores. Em um estudo envolvendo pessoas que estiveram em hospitais contendo jardins foi observado que as qualidades mais mencionadas de um jardim foram a quantidade de árvores, de espaço verde, flores e a presença de água. Os sujeitos dessa pesquisa associaram a presença da natureza a sua melhoria de humor. Em contrapartida características indesejadas é a presença de espaços construídos, a visão de concreto aparente nesses espaços, assim como a presença de obras de arte abstratas, como esculturas, por exemplo, essas parecem ser geradoras de ansiedade, assim como o barulho de máquinas e a presença de elementos associados ao fumo, como a fumaça e o cheiro do cigarro.
Palavras-chave: plantas, hospitais, biofilia, saúde, bem-estar, natureza.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em agosto de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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