Título: Physiological effects in humans induced by the visual stimulation of room interiors with different wood quantities (Efeitos fisiológicos em humanos induzidos pela estimulação visual de interiores com diferentes quantidades de madeira)
Sugestão de referência: Tsunetsugu, Y., Miyazaki, Y., & Sato, H. (2007). Physiological effects in humans induced by the visual stimulation of room interiors with different wood quantities. Journal of Wood Science, 53(1), 11-16.
Disponível em: https://jwoodscience.springeropen.com/articles/10.1007/s10086-006-0812-5
RESENHA
Estudos avaliando o impacto do uso da madeira em ambientes sobre variáveis fisiológicas e psicológicas apresentam resultados interessantes. Alguns deles apontam, por exemplo, que há casos em que a sensação subjetiva ou a avaliação sensorial diante da presença de diferentes quantidades de madeira em um espaço não coincidem, necessariamente, com as respostas fisiológicas esperadas.
No estudo de Yamaguchi e colaboradores realizado em 2001 a imagem de uma floresta densa em alta resolução de cores avaliada como sendo relaxante foi, na verdade, considerada muito relaxante por metade dos sujeitos dessa pesquisa, porém, esses apresentaram aumento na atividade cerebral e a tendência ao aumento da pressão arterial. Esses dados apontam que a partir da observação dessa imagem seus corpos na verdade apresentaram uma excitação embora sua percepção verbalizada fosse de relaxamento.
Visto que ainda há grande dúvida entre a reação fisiológica e a interpretação psicológica das mesmas o presente estudo busca auxiliar nesse entendimento. Nesse trabalho os autores objetivaram avaliar os efeitos de diferentes quantidades de madeira em um cômodo sobre variáveis fisiológicas e psicológicas. Foram coletadas medidas como taxa de pulsação, pressão arterial e atividade cerebral, além de medidas subjetivas como alteração do humor e percepção de relaxamento e agradabilidade de cada ambiente. Os cômodos utilizados na pesquisa eram quartos modelo sendo que em um deles havia 0% de madeira visível, no segundo em 45% do quarto havia madeira e no terceiro 90% do quarto havia madeira, o que incluía parte das paredes, do teto e do piso (fotos dos quartos podem ser observadas ao final do texto).
Participaram do estudo 15 homens jovens, porém ao final do experimento foram analisados dados de 10 sujeitos. Esses foram convidados a observar cada um dos cômodos, por 90 segundos enquanto suas medidas de pulso, batimento cardíaco e atividade cerebral eram mensurados. Além disso, enquanto eles observavam foi perguntado sobre seu humor e solicitado que avaliassem cada um dos quartos quanto à sensação de conforto, de naturalidade e de descanso que cada um dos quartos lhes proporcionava.
Cabe ressaltar algumas conclusões interessantes, no quarto com nenhuma presença de madeira a pressão arterial diastólica diminuiu significativamente, porém a alteração na atividade do sistema nervoso autônomo foi pequena. Essas respostas podem ser explicadas pela avaliação subjetiva de que o quarto sem madeira é percebido como menos natural e menos relaxante. No quarto com 45% de madeira houve diminuição significativa da pressão arterial diastólica e um aumento significativo na pulsação. Esse quarto foi avaliado com os escores mais altos no quesito conforto e relaxamento, o que pode ser explicado pela quantidade adequada e equilibrada de madeira no ambiente que tende a ser considerada mais aprazível pelas pessoas. Por fim, o quarto com 90% de madeira diminuiu significativamente a pressão arterial sistólica e diastólica no início do teste, porém, aparentemente o cômodo coberto com madeira causou um efeito de “muita informação” nos sujeitos, o que implicou em uma rápida diminuição na atividade cerebral e na pulsação no final da exposição. Dessa forma, os autores concluem que o estímulo visual provocado pelos cômodos com diferentes quantidades de madeira causam diferentes respostas no sistema nervoso autônomo.
Palavras-chave: design, resposta fisiológica, madeira, estímulo visual.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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