Título: Architeture versus Neuroscience: the interpretation of research results in neuroscience to support phenomenological issues in architecture
Sugestão de referência: Saidi, A. (2019). Architecture vs neuroscience: the interpretation of research results in neuroscience to support phenomenological issues in architecture. IGRA USTVARJALNOSTI (IU)/CREATIVITY GAME (CG)–Theory and Practice of Spatial Planning, 7, 33-37.
Disponível em: https://iu-cg.org/paper/?id=80&lang=en
RESENHA
A relação que as pessoas tem com os ambientes construídos e como isso as impacta física, mental e socialmente e como essas questões moldam sua experiência permanece em discussão entre pesquisadores de diferentes países.
Considerando que a fenomenologia interpreta a natureza da experiência principalmente a partir da perspectiva da primeira, essa, foi buscar nas neurociências algum tipo de validação. As neurociências, por sua vez, vêm utilizando novas medidas e poderosas técnicas, assim buscam investigar empiricamente os circuitos neurais e como vários processos internos, a saber: sensação, percepção, cognição, geram experiência.
Toda experiência humana possui uma correspondência no cérebro (Chatterjee, 2014), essa frase emblemática em certa medida reforça o que os achados das neurociências podem fazer por outras áreas, entre elas a arquitetura. São novas tecnologias que permitem que a atividade cerebral seja registrada com considerável precisão e tem contribuído para o entendimento de processos neurofisiológicos que tem tornado possível entender nossa interação com o mundo (Gallese & Gattara, 2015). Além disso, as metodologias empíricas tem permitido que profissionais da área da arquitetura tenham mais evidencias objetivas de suas intervenções para que a cultura arquitetônica mude sua atenção para suas dimensões corporais e psicológicas não reconhecidas anteriormente.
Embora os benefícios de uma abordagem interdisciplinar envolvendo filosofia, neurociência e arquitetura parecem enormes para alguns arquitetos, os neurocientistas são mais reservados e entendem que é necessário um corpo de evidências mais robusto e pesquisas mais aprofundadas. Por exemplo, alguns neurocientistas entendem que há uma superestima e “supergeneralização” de alguns resultados de pesquisas da área neuro com relação à forma como são translacionados ao campo da arquitetura. Na opinião de alguns cientistas o exemplo dos neurônios-espelho ilustra essa situação, pois essa evidência empírica foi muitas vezes interpretada de formas não tão acuradas ou cuidadosas.
Embora as neurociências seja um campo promissor para muitas áreas, ainda são poucas as descobertas disponíveis nessa área do conhecimento respondem questões sobre a experiência do mundo em geral e da relação humana com o ambiente construído. Assim, como consequência, um grupo de neurocientistas e os arquitetos iniciaram e promoveram a interdisciplinaridade: estudos combinando neurociência e arquitetura. Entre os primeiros arquitetos que adotaram essa abordagem para apoiar suas observações fenomenológicas foi Juhani Pallasmaa. Preocupado com a desconsiderada natureza incorporada da arquitetura, Pallasmaa confia em descobertas da neurociência para exigir uma maior consciência entre os círculos arquitetônicos contemporâneos. Mas a questão é se, de fato, os achados das neurociências para a arquitetura darão conta de responder às necessidades de validação que a área da arquitetura busca.
Por fim, os autores concluem que não há nada de errado com reconhecer potencial em uma área do conhecimento, desde que não se romantize as evidências científicas disponíveis, de forma que, segundo os autores, é melhor que as conexões entre as disciplinas da neurociência e da arquitetura se deem através de formulação de hipóteses mais do que de definições conclusivas.
Palavras-chave: Arquitetura, neurociência, fenomenologia, filosofia.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
- Graduada em Psicologia.
- Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
- Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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