Título: Impact of built environment design on emotion measured via neurophysiological correlates and subjective indicators: A systematic review.
Impacto do design do ambiente construído nas emoções mensurado por meio de correlatos neurofisiológicos e indicadores subjetivos: uma revisão sistemática.
Sugestão de referência: Bower, I., Tucker, R., & Enticott, P. G. (2019). Impact of built environment design on emotion measured via neurophysiological correlates and subjective indicators: A systematic review. Journal of environmental psychology, 66, 101344.
RESENHA
Esse trabalho é uma revisão sistemática, ou seja, uma revisão da literatura na qual os critérios de seleção dos estudos a serem revisados são muito bem definidos. O objetivo desse trabalho foi revisar dados acerca do impacto do design do ambiente construído nas emoções humanas, impacto esse mensurado através de correlatos neurofisiológicos e do relato das pessoas. Sete estudos foram analisados, sendo esses publicados entre 2004 a 2017.
Estudos envolvendo ambiente enriquecido já são bastante conhecidos pelos pesquisadores da área das neurociências. São estudos que utilizam modelos animais (normalmente ratos) e envolvem acrescentar uma série de elementos no espaço em que esses animais são aclimatados – em laboratório – a fim de observar como esses elementos impactam em alguns parâmetros, inteligência, por exemplo. Os cientistas costumam enriquecer o ambiente dos animais colocando brinquedos para que eles interajam, além de pequenas tarefas, dentre outras possibilidades.
Esses elementos são estratégias para estimular as emoções e a cognição dos animais e essas intervenções têm mostrado ótimos resultados. De forma geral os animais que vivem em ambientes mais ricos, com mais elementos, normalmente são mais sociáveis e mais inteligentes, o que foi possível comprovar através de observação do comportamento desses animais além de observações a nível molecular, ou seja, o cérebro desses animais foi estudado e foi observado alteração a nível neuronal.
Diante disso, os autores questionam então qual o impacto do ambiente enriquecido no cérebro de humanos, embora já existam estudos observando esse impacto, em humanos as respostas ainda não estão tão claras. Para auxiliar nesse entendimento os autores revisaram o que já se sabe sobre isso, sobre o design do ambiente construído e seu impacto sobre as emoções humanas.
Infelizmente, entretanto, não há uma metodologia única e já totalmente validada para realizar essa avaliação de forma mais rigorosa, por isso houve preocupação em comparar estudos que fossem mais parecidos possível. Levaram-se em conta duas metodologias, a primeira, chamada de “correlatos neurofisiológicos” se trata de técnicas como a eletroencefalografia, que mede a alteração das ondas cerebrais frente a um determinado estímulo e a ressonância magnética funcional, que aponta as áreas cerebrais ativadas diante de um estímulo. Além disso, os estudos revisados também utilizaram “medidas subjetivas”, ou seja, questionários e escalas que foram aplicadas em pessoas após elas serem expostas a esses espaços, nesses casos elas respondiam a perguntar ou eram convidadas a dizer o quanto discordavam ou concordavam com uma afirmação relativa a um determinado espaço.
Os sete estudos revisados apontam para alguns resultados interessantes: as pessoas parecem decidir sair de um espaço e julgá-lo menos atrativo quando esses espaços são mais fechados e com o teto mais baixo. Espaços com linhas mais geométricas tendem a ser avaliados pelas pessoas como menos prazeroso, acompanhado dessa medida subjetiva também foi demonstrado diminuição da ativação do córtex cingulado anterior. Por outro lado espaços mais curvilíneos foram julgados como mais bonitos e o córtex cingular anterior foi ativado nessa situação.
Ambientes internos mobiliados receberam avaliações mais altas para as dimensões emocionais independente do estilo da mobília.
Embora haja evidências de que o design dos espaços construídos impacte nossas emoções, e sabemos disso por nossa própria experiência, em termos de modelos experimentais o campo ainda apresenta dados incipientes. Os autores ressaltam a necessidade de criação e testagem de protocolos rigorosos, dessa forma aumentando a uniformidade de metodologias para que os resultados dos estudos possam ser comparados. Ademais, existem vieses de pesquisas, ou seja, pequenos “erros” que devem ser evitados a fim de dar mais credibilidade aos resultados encontrados.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2021.
Graduada em Psicologia.
Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
- Esse texto foi apreciado em maio de 2021, os aspectos priorizados fazem parte de uma curadoria científica, porém as escolhas dos pontos ressaltados são inerentemente subjetivas, de forma que para a devida apreciação e compreensão se sugere a leitura do material original na íntegra.
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