Título: Sentidos e lugares: projeto arquitetônico para a mente multissensorial.
Sugestão de referência: Spence, C. (2020). Senses of place: architectural design for the multisensory mind. Cognitive Research: Principles and Implications, 5(1), 1-26.
Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s41235-020-00243-4
RESENHA
Normalmente a observação da arquitetura de determinado espaço é definida pela observação visual deste mesmo espaço. Nas últimas décadas, no entanto, arquitetos e designers têm considerado outros sentidos além da visão, como, por exemplo o som, o tato, incluindo a propriocepção, cinestesia e sistema vestibular, olfato e em alguns momentos até o paladar, no sentido de compor trabalhos que levem em conta a ampla relação dos sentidos humanos com o espaço construído.
Segundo os autores, até agora, houve pouco reconhecimento da crescente compreensão da natureza multissensorial da mente humana que emergiu do campo de pesquisa em neurociência cognitiva. Assim, é proposta uma revisão da literatura que tem como objetivo fornecer um resumo do papel dos sentidos humanos na prática do projeto arquitetônico, tanto quando considerado individualmente quanto, mais importante, quando estudado coletivamente.
Para isso, os pesquisadores ressaltam, que é apenas reconhecendo a natureza fundamentalmente multissensorial da percepção que se pode realmente explicar um número de interações ambientais complexas, como entre a cor da iluminação e o conforto térmico e entre o som e a percepção de segurança do espaço público. A revisão aponta, ainda, um panorama futuro no qual a prática do projeto de arquitetura incorpore cada vez mais nossa crescente compreensão dos sentidos humanos, para além da visão, somente, e como eles interagem com os espaços.
Ademais, os pesquisadores apontam algumas consequências de se negligenciar essa questão, como, por exemplo, a Síndrome do Edifício Doente e o Transtorno Afetivo Sazonal, dentre outros. Em última análise, a esperança é que tal abordagem multissensorial, na transição do laboratório para o domínio de aplicação do mundo real de prática de projeto arquitetônico, levará ao desenvolvimento de edifícios e espaços urbanos que façam um melhor trabalho de promover nosso desenvolvimento social, cognitivo e emocional desenvolvimento, ao invés de impedi-lo, como muitas vezes tem sido o caso anteriormente.
Autora da resenha: JABOINSKI, Juliana. 2023.
Graduada em Psicologia.
Desenvolveu pesquisas em neurociência básica de 2007 a 2017.
Mestra em Psicologia com ênfase em neurociências pela UFRGS.
Observações importantes:
Esse texto foi apreciado em janeiro de 2023, este texto tem por objetivo ser um resumo no qual apenas pontos principais ou gerais do estudo são apontados. Sugere-se, portanto, a leitura do arquivo original para uma melhor compreensão do assunto, caso este seja de interesse do leitor.
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